“Estamos vivendo em um mundo de impunidade mas temos certeza que, com boas iniciativas, iremos mudar a realidade”. Foi com esta afirmação que o presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Reck Junior, finalizou a reunião realizada na manhã de sábado (24), com membros da diretoria da entidade, produtores rurais e representantes do comando regional, da Força Tática e do Serviço de Inteligência da Polícia Militar.

O encontro foi para a apresentação do projeto “Segurança no Campo”, de autoria do 1º Tenente PM Márcio Pereira e que tem como principais objetivos solucionar os problemas enfrentados por quem mora nas áreas rurais, como os roubos e furtos de defensivos agrícolas e de gados, além de outros tipos de delitos.

Para o Tenente Coronel PM Wendel Sodré, comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar de Tangará da Serra, quem mora no campo merece a mesma segurança que a polícia proporciona aos cidadãos da cidade e é por isto que o comando regional tem investido em iniciativas e projetos como este e também o “Fronteira Segura”.

“As forças de segurança reconhecem a importância dos produtores rurais e de quem está no campo. Vocês são merecedores da nossa atenção e está na hora de receber esta segurança. Tangará da Serra é trajeto do tráfico de drogas. No ano passado apreendemos cerca de 3 toneladas de cocaína pura. Só este ano já são aproximadamente 700kg. E vocês, que estão nestas áreas mais afastadas da zona urbana, correm o risco de sofrer alguma coisa com isso”, ressaltou o comandante.



Projeto Segurança no Campo

Durante o estudo da região e para colocar o projeto em prática, o 1º Tenente PM Márcio Pereira explicou que fizeram a divisão da área em quatro setores: Setor Norte (região de Deciolândia a Santo Afonso), Setor Oeste (área que liga a MT-358 à MT-480, passando pela Itanorte até a Deciolândia), Setor Leste (próximo à comunidade Boa Vista) e Setor Sul (de Tangará sentido à Cuiabá, até o Chapadão Rio Verde).

“Já foram realizadas algumas visitas e reuniões com produtores rurais destas localidades. Também já fizemos algumas abordagens e até apreensões. São regiões distantes da área urbana, a comunicação é ineficiente e o pouco conhecimento da área rural pelo efetivo da PM, além do envolvimento dos funcionários e ex-funcionários das propriedades, são algumas das principais causas das ocorrências”, destacou o Tenente Márcio.

Dentre as soluções para o início da resolução destes problemas e para a possibilidade de atendimentos imediatos, ele ressaltou que além da presença mais efetiva dos policiais e uma nova viatura, o mapeamento será melhorado após aquisição de um GPS e eles também irão criar um cadastro das propriedades rurais, numerando cada fazenda, além de fazer a divulgação de telefones de urgência e emergência por meio de placas informativas de operação.

Outra ideia é criar grupos de whatsapp, já que na maioria das fazendas há sinal de internet, apesar de não ter para telefonia. Também seria necessária a instalação de novas repetidoras para aumentar a comunicação via rádio.

O presidente do Sindicato Rural, parabenizou a iniciativa e disse que tentará fazer uma ponte com o governo do Estado sobre a viabilidade da viatura, além de alinhar com os produtores rurais sobre a aquisição dos outros materiais que serão necessários para colocar o projeto em prática.

“Vocês estão fazendo muito além das suas obrigações. Não se fazem de vítimas do sistema. Estão saindo de suas zonas de conforto. Estamos muito felizes em ver o comprometimento de profissionais como vocês, mesmo diante de um cenário em que a criminalidade tem aumentado cada dia mais. Mas estamos confiantes que vai melhorar a segurança na sociedade, tanto na área urbana como na rural. Não podemos ficar na mão de bandidos e hoje a inversão de valores é muito grande no nosso país, onde bandidos têm mais direitos do que nós, cidadãos de bem. Está tudo errado”, enfatizou Reck Junior.

Força Tática

O 2º Tenente PM Diego Furquim, comandante da Força Tática e sub-chefe do Serviço de Inteligência, que também esteve presente na reunião, disse que já desenvolveram um plano de operação.

“Tivemos algumas apreensões com informações da Polícia Federal e também de pessoas do campo. A ideia é inicialmente combater os roubos de gado e de defensivos mas também mapear, principalmente, as pistas de pouso que aeronaves utilizam para o tráfico. Já apreendemos muitos entorpecentes assim e mapear facilitaria o nosso trabalho. Queremos trabalhar com a prevenção, de uma maneira diferenciada”, disse.