Rui Alberto Wolfart é engenheiro agrônomo, especializado em administração, ex-gestor público na área fundiária e produtor rural em Mato Grosso.
* Artigo publicado no canal Agrodebate (G1), em 17/03/2014
Foto: Questão Indígena
Tem-se assistido diariamente cenas de intolerância, que ocorrem em diferentes contextos. No meio rural saiu de cena o embate do Código Florestal e entrou a Questão Indígena. Como que por encanto, o território brasileiro passou a ser sacudido por uma torrente de invasões de terras de particulares por autodenominados grupos indígenas, reivindicando “seus territórios ancestrais”.
A sociedade urbana tendo em seu imaginário o bom selvagem, despido das vilanias e desvios do homem branco, parece entender como legítimas as suas demandas. Por culpa do Estado brasileiro há uma cultura de prevenção em relação ao homem do campo, permitindo que prosperem essas ações ao arrepio da Constituição, principalmente no que evidencia o Artigo 231: “são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente...”, isto é, aquelas ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação dessa Constituição que está em vigor. Logo, são os poderes da República os responsáveis pelo que ora acontece.
O cenário de hoje no Brasil permite fazer comparações com o que aconteceu na França por volta de 1600. Naquele período, guerras religiosas patrocinadas pelos reis Luís XIV e Luís XV, deixaram um rastro de devastação material e humana, além da desesperança ante a guante autoritária do poder real. Somente em 1789 com a Revolução francesa fixaram-se conceitos como: o interesse das nações exige a tolerância, dentro de um amplo panorama histórico. Voltaire em seu “Tratado sobre a tolerância”, publicado em 1763 manifesta: “Digo-vos que é preciso olhar todos os homens como nossos irmãos. – Como! meu irmão, o turco? Meu irmão, o chinês? O judeu? O siamês? – Sim, sem dúvida, não somos filhos do mesmo pai e criaturas do mesmo Deus?”
Tem-se assistido diariamente cenas de intolerância, que ocorrem em diferentes contextos. No meio rural saiu de cena o embate do Código Florestal e entrou a Questão Indígena. Como que por encanto, o território brasileiro passou a ser sacudido por uma torrente de invasões de terras de particulares por autodenominados grupos indígenas, reivindicando “seus territórios ancestrais”.
A sociedade urbana tendo em seu imaginário o bom selvagem, despido das vilanias e desvios do homem branco, parece entender como legítimas as suas demandas. Por culpa do Estado brasileiro há uma cultura de prevenção em relação ao homem do campo, permitindo que prosperem essas ações ao arrepio da Constituição, principalmente no que evidencia o Artigo 231: “são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente...”, isto é, aquelas ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação dessa Constituição que está em vigor. Logo, são os poderes da República os responsáveis pelo que ora acontece.
O cenário de hoje no Brasil permite fazer comparações com o que aconteceu na França por volta de 1600. Naquele período, guerras religiosas patrocinadas pelos reis Luís XIV e Luís XV, deixaram um rastro de devastação material e humana, além da desesperança ante a guante autoritária do poder real. Somente em 1789 com a Revolução francesa fixaram-se conceitos como: o interesse das nações exige a tolerância, dentro de um amplo panorama histórico. Voltaire em seu “Tratado sobre a tolerância”, publicado em 1763 manifesta: “Digo-vos que é preciso olhar todos os homens como nossos irmãos. – Como! meu irmão, o turco? Meu irmão, o chinês? O judeu? O siamês? – Sim, sem dúvida, não somos filhos do mesmo pai e criaturas do mesmo Deus?”
A facilidade das comunicações globais e a interdependência de todos só acentuam a proximidade intercivilizatória de todos os habitantes do planeta. Estranhas essas teses da hipossuficiência dos índios, bem como a necessidade da criação de novos guetos geográficos, locais onde raramente prosperam o bem estar e a felicidade desses seres. A quem interessa semear insegurança jurídica, disputas extemporâneas entre “índios” e “não índios”, espalhar medos e ódios, fraturando o Estado nacional?
O governo brasileiro pretende que a população rural se transforme nos jansenistas, que era o grupo de pessoas fiéis à teoria da “graça eficaz”, motivo das guerras internas francesas? Somente em 1801 foi restabelecida a paz religiosa na França, com a assinatura da Concordata entre Napoleão Bonaparte e o papa Pio VII.
O patrono das causas indígenas, Marechal Rondon morreu em 1958, mas dele vem os ensinamentos e a força simbólica de seus atos à necessária integração de todos. Ele embrulhava crianças índias com a bandeira brasileira. Simbolicamente, “a língua, a religião e o vestuário indicavam, cada vez mais, que a nação a que toda aquela gente pertencia era agora o Brasil”.
O governo brasileiro pretende que a população rural se transforme nos jansenistas, que era o grupo de pessoas fiéis à teoria da “graça eficaz”, motivo das guerras internas francesas? Somente em 1801 foi restabelecida a paz religiosa na França, com a assinatura da Concordata entre Napoleão Bonaparte e o papa Pio VII.
O patrono das causas indígenas, Marechal Rondon morreu em 1958, mas dele vem os ensinamentos e a força simbólica de seus atos à necessária integração de todos. Ele embrulhava crianças índias com a bandeira brasileira. Simbolicamente, “a língua, a religião e o vestuário indicavam, cada vez mais, que a nação a que toda aquela gente pertencia era agora o Brasil”.
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