Foto: DotNews.Gr
Será mesmo somente uma crise financeira a da Grécia; aquela que ecoa pelos noticiários e jornais do mundo?
Será mesmo somente uma crise financeira a da Grécia; aquela que ecoa pelos noticiários e jornais do mundo?
Acredito que no caso deles, manifesta-se, começa a avultar, tudo aquilo que foi amplamente apresentado no livro “Continente Sombrio – A Europa do século XX”, de Mark Mazower. Ele adverte em seu livro que o ovo da serpente pode não ter sido totalmente esmagado em solo europeu.
Gregos marcham contra alemães, acompanhados por murmúrios na Espanha e Portugal. Alemães falando que os outros pouco trabalham. A União Europeia (moeda única, fronteiras abertas) é uma peça de ficção, que laboriasamente construída, não resiste ao modelo predador do sistema financeiro europeu e global, vindo à tona os “piores sentimentos nacionais”.
As diferenças sociais, grupos étnicos, histórias de derrotas e vitórias desses povos, naquilo que é qualificado como Europa, são maiores do que as tentativas de transformá-la em espaço homogêneo.
Aqueles que têm conhecimento e consciência política, agora resistem a essa globalização europeia, que na moeda única, o euro buscou-se fazer um corte na história.
Ora, o que é a Grécia sem o dracma? Milenarmente, companhando o que a história registra, os resgates arquiológicos, tudo leva a essa moeda que é o seu símbolo material mais forte.
O açodamento alemão e francês, buscando uniformizar esse espaço europeu, promoveu algo que poderia resultar em desastre. Como tratar igualmente os desiguais? Os provedores auferindo vantagens desse “surto de crescimento” em países com economia mais frágeis, deveriam ter pensado nos cenários de crises, que fatalmente viriam.
Lembrar que os países membros tem intactas, suas relações de trabalho, línguas, dialetos, representação política e tantas coisas mais. O que aconteceu? Como ainda há os efeitos da crise de 2008, economias tipo da Grécia estão indo para o córner.
Estão em dificuldades também Portugal, Espanha, Bélgica e Irlanda, sendo que suas dívidas chegam a 5 trilhões de euros. A Grécias é a bola da vez, que a depender do equacionamento dessa crise, poderá levar novamente o mundo aos problemas vividos em 2008. Na europa hoje falam: “mais fronteiras, menos união”. A festa acabou.
O Brasil, supõe-se distante dessa tormenta. Puro engano. Infelizmente a linha divisória das finanças nacionais é muito frágil, sujeita à morte súbita, pois o inverno chegará, como chegou na fábula da cigarra e da formiga.
Rui Alberto Wolfart é engenheiro agrônomo, especializado em administração, ex-gestor público na área fundiária e produtor rural em Mato Grosso.
*Artigo escrito em 04/07/2011. |