A visão enviesada dos analistas econômicos ocidentais estaria afetando o seu raciocínio técnico? Por exemplo, se os estoques mundiais de alimentos versus consumo não estão proporcionalmente nos níveis de décadas recentes, como falar em patamares confortáveis com demanda crescente? Como explicar o desconforto no mercado, entre as informações ficcionais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA e a imagem que correu o mundo, de um navio entrando no rio Mississipi carregado com soja brasileira para atender suas necessidades? O eixo do comércio global não está mais assentado tão somente na rota transatlântica, ligando Estados Unidos à Europa.
Vive-se um “tsunami”, que afetando esse eixo, pôs a China como o grande agente de mudanças nas relações das trocas mundiais. Dos “especialistas” é bom dizer, das cautelas necessárias ao ler seus textos, pois seus comentários, às vezes, sobre o crescimento chinês é como pretender comparar zircônio com diamante. O quadro abaixo é autoexplicativo, do que significa crescer.
Conclui-se, que não é honesto intelectualmente fazer comparações entre números absolutos (13,1% x 7,5%), pois não retratam a realidade do agigantamento econômico daquele país. Não bastasse isso, a migração de centenas de milhões de chineses, do campo às cidades, promoverá uma mudança obrigatória nos conceitos de oferta e de segurança alimentar, sob pena de ocorrerem conturbações sociais. Portanto, longa vida a Xi Jinping, que se defronta com desafios de gestão jamais vividos por qualquer outro dirigente planetário.
Rui Alberto Wolfart é engenheiro agrônomo, especializado em administração,
ex-gestor público na área fundiária e produtor rural em Mato Grosso. * Artigo publicado no canal Agrodebate (G1), em 22/04/2014 |